O Palácio Burnay (Lisboa), vai ser reabilitado
O Fórum do Património (FP) congratula-se com o anúncio, veiculado no passado dia 4 de janeiro, da intenção do governo português proceder a obras de reabilitação do Palácio Burnay, no valor de 16 milhões de euros, com o objectivo de instalar no local a recentemente criada Museus e Monumentos de Portugal, E.P.
Da autoria de Nicola Bigaglia, e originário do século XVIII, o complexo habitacional foi adquirido no final século XIX por Henrique Burnay, 1º Conde de Burnay. Ficou também conhecido como Palácio dos Patriarcas, por ter sido residência oficial de verão dos patriarcas de Lisboa, após o terramoto de 1755. Situado na Rua da Junqueira, foi comprado pelo Estado português em 1940, tendo acolhido nas suas instalações, ao longo dos tempos, o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), o Instituto de Investigação Científica e Tropical, os Serviços de Reitoria e Acção Social da Universidade Técnica de Lisboa e, mais recentemente, a secretaria-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros. O edifício está, desde 1982, classificado como Imóvel de Interesse Público.
Numa iniciativa do Fórum Cidadania Lx, uma das cerca de cinquenta associações de defesa do Património agregadas no FP, a necessidade de se adoptarem medidas para pôr termo à degradação do edifico tem vindo a ser, desde 2021, sinalizada junto das entidades competentes (Ministério das Finanças e Ministério da Cultura). Sob a tutela da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, o Palácio Burnay, exemplo por excelência da arquitectura doméstica de luxo da época moderna, tem sido, ao longo dos últimos anos alvo de saque e vandalismo, comprometendo o seu reconhecido valor - nomeadamente artístico, de que são exemplo as pinturas realizadas por José Malhoa, em 1886, no espaço onde funcionava a sala de jantar.
A ação do Fórum Cidadania Lx culminou com um procedimento cautelar pedindo medidas urgentes destinadas a assegurar a salvaguarda do imóvel. Após a fase de inquirição e da consequente inspecção judicial ao local, as entidades tutelares foram condenadas a levar a cabo as medidas requeridas: o fecho das janelas do Palácio, a limpeza do seu interior e a elaboração de um relatório identificando as áreas prioritárias carecidas de intervenção. Os testemunhos, a favor da causa, dos historiadores Raquel Henriques da Silva e José Moutinho Borges, assim como o acompanhamento técnico por parte do engenheiro Vítor Cóias, membro da Comissão Coordenadora do FP, revelaram-se fundamentais no decurso de todo o processo.