Reabilitação de um edifício na praça D. Pedro IV (Rossio), Lisboa

07-02-2021

O edifício pombalino situado no gaveto Norte-Poente do quarteirão formado pelo Rossio e pelas ruas dos Sapateiros, Augusta e Santa Justa, tem a particularidade de incluir um torreão com um grande arco que marca o início da rua dos Sapateiros a partir do Rossio, popularmente designado por "Arco do Bandeira". Este corpo está também adossado ao edifício do gaveto Norte-Nascente do quarteirão formado pelo Rossio e pelas ruas dos Sapateiros, de Santa Justa e Áurea, fechando assim a frente sul do Rossio.

Como a generalidade da Baixa Pombalina, os andares deste edifício destinavam-se originalmente ao uso habitacional, mas foram sofrendo alterações profundas, acabando por ser, desde há muitos anos, utilizados exclusivamente para serviços de diversa natureza.

No interior do edifício sucederam-se modificações, algumas das quais irreversíveis, que descaracterizaram profundamente a sua conceção original. Conservavam-se, no entanto, elementos relevantes, desde logo o singular arco e o seu conjunto de cantarias e peças escultóricas, os gradeamentos dos vãos das fachadas, as pinturas murais e azulejos decorativos em várias divisões, o vestíbulo e escadaria do corpo acessível pelo n.º 226 da rua dos Sapateiros, com os seus corrimãos e azulejos decorativos, e alguns elementos estruturais originais, como paredes constituídas pela carateristica treliça pombalina.

O desenvolvimento do projeto foi precedido de uma avaliação e diagnóstico do estado de conservação que incidiu particularmente sobre o vasto conjunto de elementos construtivos com valor histórico-artístico, de modo a permitir a sua adequada recuperação e valorização. 

Com a intervenção levada a cabo, pretendeu-se beneficiar o edifício com obras de conservação e renovação a todos os níveis, à exceção do interior das lojas, incluindo infraestruturas, repondo sempre que possível os elementos tipológicos construtivos "originais" ou, na impossibilidade destes, outros compatíveis com os existentes, valorizando a construção do ponto de vista do conforto térmico e acústico, da acessibilidade e da segurança. De igual modo, foram acautelados e devidamente restaurados todos os elementos do património integrado.

Embora tendo em vista uma finalidade turística adequada ao contexto da altura, a intervenção em apreço recuperou, na prática, a vocação habitacional original dos andares.  

As lojas ao nível do rés do chão da praça D. Pedro IV  e da rua dos Sapateiros foram mantidas e objeto apenas da beneficiação das fachadas e das infraestruturas, bem como de algumas reparações pontuais.